sábado, 25 de janeiro de 2014

IMPOSSÍVEL NÃO SE EMOCIONAR COM ESTE VÍDEO...

 O Coro dos Escravos!

No dia 12 de março de 2011, a Itália festejava os 150 anos da sua unificação, ocasião em que a Ópera de Roma apresentou a ópera Nabuco de Verdi, símbolo da unificação do país, que invoca a escravidão dos Judeus na Babilônia, uma obra não só musical mas, também, política à época em que a Itália estava sujeita ao império dos Habsburgos (1840). 

Sylvio Berlusconi assistia, pessoalmente, à apresentação, que era dirigida pelo maestro Ricardo Mutti.  

Antes da apresentação o prefeito de Roma, Gianni Alemanno – ex-ministro do governo Berlusconi, discursou, protestando contra os cortes nas verbas da cultura, o que contribuiu para politizar o evento. Como Mutti declararia à TIME, houve, logo de início, uma ovação incomum, clima que se transformou numa atmosfera de tensão quando se iniciaram os acordes do coral «Va pensiero» o famoso hino contra a dominação.  

«Há situações que não se podem descrever, mas apenas sentir; o silêncio absoluto do público, na expectativa do hino; clima que se transforma em fervor aos primeiros acordes do mesmo; a reação visceral do público quando o coro entoa – ‘Ó minha pátria, tão bela e perdida’».

Ao terminar o hino os aplausos da platéia interrompem a ópera e o público manifestou-se com gritos de «bis», « viva Itália», «viva Verdi». Não sendo usual bisar durante uma ópera, e embora Mutti já o tenha feito uma vez em 1986, no teatro La Scala de Milão, o maestro hesitou. Dado que o público já havia revelado o seu sentimento patriótico, o maestro voltou-se no púlpito e encarou o público e o próprio Berlusconi. Fazendo-se silêncio, pronunciou-se da seguinte forma, e reagindo a um grito de «longa vida à Itália» disse:

RICCARDO MUTTI: «........Sim, longa vida à Itália mas ... [aplausos].

Já não tenho 30 anos e já vivi a minha vida, mas como um italiano que percorreu o mundo, tenho muita mágoa do que se passa no meu país.
Portanto aquiesço ao vosso pedido de bis para o Va Pensiero. Isto não se deve apenas à alegria patriótica que senti em todos, mas porque nesta noite, enquanto eu dirigia o coro que cantava ‘Ó meu pais, belo e perdido’, eu pensava que, a continuarmos assim, mataremos a cultura sobre a qual assenta a história da Itália. Neste caso, a nossa pátria, será verdadeiramente ‘bela e perdida’. (aplausos retumbantes, incluindo os dos artistas em palco) Reina aqui um ‘clima italiano’; eu, Mutti, falei para surdos durante longos anos, gostaria agora.... Nós deveríamos dar sentido à este canto; como estamos em nossa casa, o teatro da capital, e com um coro que cantou magnificamente, e que é magnificamente acompanhado, se for de vosso agrado, proponho que todos se juntem a nós para cantarmos juntos... "A tempo"...»

 Foi assim que Mutti convidou o público a cantar o Coro dos Escravos. O público levantou-se. Toda a ópera de Roma se levantou... O coro também se levantou. Foi um momento magnífico na ópera! Vê-se, também, o pranto dos artistas. Aquela noite não foi apenas uma apresentação do Nabuco mas, sobretudo, uma declaração do teatro da capital dirigida aos políticos.

AGORA, NÃO DEIXEM DE VER E OUVIR PELO LINK ABAIXO: 

Apressa-te pensamentos nas asas douradas. 
Apressa-te e descanse nas colinas densamente arborizadas, 
onde quente e perfumado e suave 
é a brisa suave da nossa terra natal! 
As margens do Jordão saudamos 
e as torres de Sião. 
Ó, minha pátria, tão bela e perdida! 
Ó memórias, tão querida e tão mortal! 
harpa dourada de nossos profetas, 
por que você fica em silêncio sobre o salgueiro? 
reacende as memórias de nossos corações, 
e fale dos tempos idos! 
Ou, como o Solomon fatídico, 
desenhe um lamento de som cru, 
ou permita que o Senhor nos inspire 
para suportar o nosso sofrimento!

No refrão, o povo de Judá lamenta sua perda de liberdade e exílio em uma terra estrangeira.

O exilados anseiam por sua terra natal ("Oh Patria sì mia bella e perduta" - O, minha pátria, tão bela e perdida!).

Os hebreus recordam da beleza da terra de seus antepassados ("ove olezzano tepide e molli l'Aure dolci" - onde quente e perfumado e suave são as suaves brisas).

Os escravos lembram com saudade as histórias de seus antepassados ("Le memorie nel petto raccendi, ci favela del ritmo che fu!" - Reacenda as memórias em nossos corações, e fale dos tempos idos).

Emocionante!!!

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